Texto: Marcos 5.21-24 e 35-43
INTRODUÇÃO
- Todo
o contexto deste texto mostra que Jesus é a esperança dos
desesperançados. O impossível pode acontecer quando Jesus intervém.
Ele acalmou o mar e fez cessar o vento, quando os discípulos estavam quase a perecer (Mc 4.35-41).
Ele libertou um homem enjeitado pela família e pela sociedade de uma legião de demônios e fez dele um missionário (Mc 5.1-20).
Ele curou uma mulher hemorrágica, depois que todos os recursos humanos haviam se esgotado (Mc 5.25-34).
Agora, Jesus ressuscita a filha única de um líder religioso, mostrando que ele também tem poder sobre a morte (Mc 5.35-43).
I. JAIRO VAI A JESUS LEVANDO SUA CAUSA DE DESESPERADORA
1. O desespero de Jairo levou-o a Jesus com um senso de urgência – v. 35
-
Jairo tinha uma causa urgente para levar a Jesus. Sua filhinha estava à
morte. Lucas nos informa que ela era filha única e tinha doze anos (Lc
8.42).
- Desta maneira a linhagem de Jairo estava-se extinguindo.
Segundo o costume uma menina judia se convertia em mulher aos doze
anos.
- Essa menina estava precisamente no umbral dessa
experiência. Era como uma flor que estava secando antes mesmo de
desabrochar plenamente.Todos os outros recursos para salvar sua filha
haviam chegado ao fim. Jairo, então, busca a Jesus com um profundo senso
de urgência.
- O sofrimento muitas vezes pavimenta o nosso caminho para Deus.
-
Ernesto Trenchard diz que a aflição é frequentemente a voz de Deus. As
aflições tornam-se fontes de bênçãos quando elas nos trazem a Jesus.
- Jairo crê que se Jesus for com ele e impor as mãos sobre sua filhinha ela será salva e viverá.
- Jairo crê na eficácia do toque das mãos de Jesus. Ele confia que Jesus é a esperança para a sua urgente necessidade.
2. O desespero de Jairo levou-o a transpor barreiras para ir a Jesus
- Jairo precisou vencer duas barreiras antes de ir a Jesus:
Em primeiro lugar, a barreira da sua posição.
-
Jairo era chefe da sinagoga, um líder na comunidade. A sinagoga era o
lugar onde os judeus se reuniam para ler o livro da Lei, os Salmos e os
Profetas, aprendendo e ensinando a seus filhos o caminho do Senhor.
-
Jairo era o responsável pelos serviços religiosos no centro da cidade
no sábado, pela escola, e tribunal de justiça, durante o restante da
semana. Ele supervisionava o culto, cuidada dos rolos da Escritura,
distribuía as ofertas, e administrava e cuidada do edifício onde
funcionava a sinagoga.
- O líder da sinagoga era um dos homens mais importantes e respeitados da comunidade.
- A posição religiosa, social e econômica de um homem, entretanto, não o livra do sofrimento.
-
Jairo era líder, rico, influente, mas a enfermidade chegou à sua casa.
Seu dinheiro e sua influência não puderam manter a morte do lado de fora
da sua casa.
- Os filhos dos ricos ficam doentes e morrem também.
-
John Charles Ryle diz que a morte vem aos casebres e aos palácios, aos
chefes e aos servos, aos ricos e aos pobres. Somente no céu a doença e a
morte não podem entrar.
- Cônscio da dramática realidade que
estava vivendo, Jairo despojou-se de seu status, e prostrou-se aos pés
de Jesus, pois ele era suficientemente grande para vencer todas as
barreiras na hora da necessidade.
- Muitas vezes, o orgulho pode levar um homem a perder as maiores bênçãos.
-
Naamã se recusou a obedecer à ordem do profeta Eliseu para mergulhar no
rio Jordão. Não fora a intervenção de seus servos, teria voltado para a
Síria ainda leproso.
Em segundo lugar, a barreira da oposição dos líderes religiosos.
- A essas alturas, os escribas e fariseus já se mancomunavam com os herodianos para matarem a Jesus (Mc 3.6).
-
As sinagogas estavam fechando as portas para o rabi da Galiléia. Os
líderes religiosos viam-no como uma ameaça à religião judaica.
- Jairo precisou romper com o medo da crítica ou mesmo da retaliação dos maiores líderes religiosos da nação.
3. O desespero de Jairo levou-o a prostrar-se aos pés de Jesus
- Há três fatos marcantes em Jairo:
Em primeiro lugar, Jairo se humilhou diante de Jesus.
Ele se prostrou.
Ele reconheceu que estava diante de alguém maior do que ele, do que os líderes judaicos, do que a própria sinagoga.
Reconheceu o poder de Jesus.
Ele se prostrou e nada exigiu, mas pediu com humildade.
Ele se curvou e não expôs seus predicados nem tentou tirar proveito da sua condição social ou posição religiosa.
- Na presença de Jesus não há espaço para vaidades.
- John Henry Burn diz que não há lugar na terra mais alto do que aos pés de Jesus.
- Cair aos pés de Jesus é estar de pé. Aqueles que caem aos seus pés, um dia estarão à sua destra.
Em segundo lugar, Jairo clamou com perseverança.
- Jairo não apenas suplica a Jesus, mas o faz com insistência.
Ele persevera na oração.
Ele tem uma causa e não está disposto a desistir dela.
Não reivindica seus direitos, mas clama por misericórdia.
Não estadeia seus méritos, mas se prostra aos pés do Senhor.
Em terceiro lugar, Jairo clamou com fé.
- Não há nenhuma dúvida no pedido de Jairo.
Ele crê que Jesus tem poder para levantar a sua filha do leito da morte.
Ele crê firmemente que Jesus tem a solução para a sua urgente necessidade.
- A fé de Jairo germinou no solo do sofrimento, foi severamente testada, mas também amavelmente encorajada.
II. JESUS VAI COM JAIRO LEVANDO ESPERANÇA PARA O SEU DESPERO
1. Quando Jesus vai conosco podemos ter a certeza que ele se importa com a nossa dor
-
Jesus sempre se importa com as pessoas: ele fez uma viagem pelo mar
revolto à região de Gadara para libertar um homem louco e possesso.
-
Agora, ele caminha espremido pela multidão para ir à casa do líder da
sinagoga. Mas, no meio do caminho pára para conversar com uma mulher
anônima e libertá-la do seu mal.
- Jesus se importa com você. Sua causa toca-lhe o coração.
- Warren Wiersbe diz que as três palavras de Jesus neste episódio é que fazem toda a diferença.
Em primeiro lugar, a palavra da fé.
- “Não temas, crê somente” (5.36).
- Era fácil para Jairo crer em Jesus enquanto sua filha estava viva, mas agora a desesperança bateu à porta do seu coração.
- Quando as circunstâncias fogem do nosso controle, também somos levados a desistir de crer.
Em segundo lugar, a palavra da esperança.
“A criança não está morta, mas dorme” (5.39).
-
Para o cristão a morte é um sono passageiro, quando o corpo descansa e o
espírito sai do corpo (Tg 2.26), para habitar com o Senhor (2 Co 5.8) e
estar com Cristo (Fp 1.20-23).
- Não é a alma que dorme, mas o corpo que aguarda a ressurreição na segunda vinda de Cristo (1 Co 15.51-58).
Em terceiro lugar, a palavra de poder.
“Menina, eu te mando, levanta-te” (5.41).
-
Toda descrença e dúvida foram vencidas pela palavra de poder de Jesus. A
menina levantou-se não apenas da morte, mas também da enfermidade.
2. Quando Jesus vai conosco os imprevistos humanos não podem frustrar os propósitos divinos
- Enquanto a mulher com hemorragia recebe graça, o pai da moribunda vive o inferno, diz Adolf Pohl.
-
Jairo deve ter ficado aflito quando Jesus interrompeu a caminhada à sua
casa para atender uma mulher anônima no meio da multidão. Seu caso
requeria urgência. Ele não podia esperar.
- Mas Jesus não estava tratando apenas da mulher enferma, mas também de Jairo. A demora de Jesus é pedagógica.
-
Algumas vezes parece que Jesus está atrasado. Os discípulos já tinham
esgotado todos os seus recursos, jogados de um lado para o outro por uma
terrível tempestade no Mar da Galiléia.
- Era a quarta vigília
da noite e o naufrágio parecia inevitável. Mas quando a desesperança
parecia vencer, Jesus apareceu andando sobre as águas, trazendo vitória
para seus discípulos.
- Quando Jesus chegou à aldeia de Betânia,
Lázaro já estava sepultado há quatro dias. Marta pensou que Jesus estava
atrasado, mas Jesus levantou Lázaro da sepultura.
- Nada apanha Jesus de surpresa.
- Os imprevistos dos homens não frustram os propósitos divinos.
-
Os impossíveis dos homens são possíveis para ele. Quando ele parece
estar atrasado é porque está fazendo algo melhor e maior para nós.
3. Quando Jesus vai conosco não precisamos temer más notícias – v. 36
-
Jairo recebe um recado de sua casa: sua filha já morreu. Agora é tarde,
não adianta mais incomodar o mestre. Na visão daqueles amigos as
esperanças haviam se esgotado.
- Eles pensaram: “há esperança para os vivos; nenhuma para os mortos”. A causa parecia perdida.
-
Jairo está atordoado e abatido. A última faísca de esperança é
arrancada do coração de Jairo. O mundo desabou sobre a sua cabeça. Uma
solidão incomensurável abraçou a sua alma. Mas Jesus, sem acudir às
palavras dos mensageiros que vinham da casa de Jairo, não reconhece a
palavra da morte como palavra final, contrapõe-lhe a palavra da fé e
diz-lhe: “Não temas, crê somente”.
- Adolf Pohl diz que no evangelho de Marcos a
fé não resulta dos milagres, mas os milagres vêm da fé, sim, do milagre
da fé. Exatamente quando a fé se torna ridícula é que se torna séria.
- Na hora que os nossos recursos acabam, Jesus nos encoraja a crer somente.
-
As más notícias podem nos abalar, mas não abalam o nosso Senhor. Elas
podem pôr um fim nos nossos recursos, mas não nos recursos de Jesus.
- Jesus disse para Marta: “Se creres verás a glória de Deus”.
As nossas causas irremediáveis e perdidas têm solução nas mãos de Jesus.
- A morte é o rei dos terrores, mas Jesus é mais poderoso do que a morte. As chaves da morte estão na sua mão.
-
Um dia ele tragará a morte para sempre (Is 25.8). A confiança na
presença, na promessa e no poder de Jesus é a única resposta plausível
para a nossa desesperança.
- Quantos as coisas parecem totalmente perdidas, com Jesus elas ainda não estão perdidas.
-
Deus providenciou um cordeiro para Abraão no Monte Moriá, abriu o Mar
Vermelho para o povo de Israel passar quando este estava encurralado
pelos egípcios.
- A palavra de Jesus ainda deve ecoar em nossos ouvidos: “Não temas, crê somente”! No meio da crise, a fé tem que sobrepor às emoções.
- C. S. Lewis diz que “o grande inimigo da fé não é a razão, mas as nossas emoções”.
- Tanto Marcos como Lucas falam do temor sentido por Jairo. Há algo temível na morte. Ela nos infunde pavor (Hb 2.15).
-
Quando Jairo recebeu o recado da morte da sua filha seu coração quase
parou, seu rosto empalideceu e Jesus viu a desesperança tomando conta do
seu coração. Jesus, então, o encoraja a crer, pois a fé ignora os
rumores de que a esperança morreu.
4. Quando Jesus vai conosco não precisamos nos impressionar com os sinais da morte – v. 39
-
Dewey Mulholland diz que os que estão ali lamentando, aqueles que
informaram Jairo, e os próprios pais, sabem que a criança está morta.
Jesus diz que ela está apenas dormindo, pois ele faz um prognóstico
teológico e não um diagnóstico físico.
- Muitos dizem que a morte
é o fim. Mas a morte não é permanente. Do ponto de vista de Deus, é um
sono para o qual há um despertar. Mas Jesus promete mais do que isso.
Embora esteja morta, sua condição não é mais permanente do que o sono;
ele vai trazê-la de volta à vida.
- O culto à morte é declarado sem sentido e a morte denunciada. “Ela morreu” é uma palavra à qual Deus não se curva. “Deus não é Deus de mortos, e sim de vivos; porque para ele todos vivem” (Lc 20.38; Mc 12.27).
-
Os homens continuam divertindo-se, referindo-se a fé religiosa como se
fosse uma superstição ou um mito. Mas esse abuso não fez Jesus parar.
-
Ao longo dos séculos os incrédulos riram e escarneceram, mas Jesus
continua operando milagres extraordinários, trazendo esperança para
aqueles que já tinham se capitulado ao vozerio estridente da
desesperança.
- Nós olhamos para uma situação e dizemos: não tem
jeito! Colocamos o selo da desesperança e dizemos: impossível! Então,
somos tomados pelo desespero e a nossa única alternativa é lamentar e
chorar. Mas Jesus olha para o mesmo quadro e diz: é só mais um instante,
isso é apenas passageiro, ainda não é o fim, eu vou estancar suas
lágrimas, vou aliviar sua dor, vou trazer vida nesse cenário de morte!
5. Quando Jesus vai conosco, a morte não tem a última palavra – v. 40-42
-
Os mensageiros que foram a Jairo e a multidão que estava em sua casa
pensaram que a morte era o fim da linha, uma causa perdida, um situação
irremediável, mas a morte também precisa bater em retirada diante da
autoridade de Jesus. Os que estavam na casa riram de Jesus. Nada sabiam
do Deus vivo, por isso, riram o riso da descrença. Mas Jesus entra na
risada e a expulsa (5.40).
- Diante do coral da morte, ergue-se o solo da ressurreição: “Tomando-a
pela mão, disse: Talita cumi, que quer dizer: Menina, eu te mando,
levanta-te! Imediatamente, a menina se levantou e pôs-se a andar...”(5.41-42).
-
“Talita cumi” era uma expressão em aramaico, que a pequena menina podia
entender, pois o aramaico era a sua língua nativa. Assim Jesus estava
demonstrando a ela não apenas seu poder, mas também, sua simpatia e seu
amor.
- Jesus não usou nenhum encantamento nem palavra mágica.
Somente com sua palavra de autoridade, sem uma luta ofegante, sem meios
nem métodos, se impõe à morte.
- Diante da voz do onipotente
Filho de Deus, a morte curva sua fronte altiva, dobra seus joelhos e
prostra-se, vencida, perante o criador!
Para Jesus não tem causa
perdida. Ele dá vista aos cegos, levanta os paralíticos, purifica os
leprosos, liberta os possessos, ressuscita os mortos, quebra as cadeias
dos cativos e levanta os que estão caídos.
- Hoje ele dá vida aos que estão mortos em seus delitos e pecados.
Ele arranca os escravos do diabo do império das trevas e faz deles embaixadores da vida.
Ele arranca um ébrio, um drogado, um criminoso do porão de uma cadeia e faz dele um arauto do céu.
Ele apanha uma vida na lama da imoralidade e faz dela um facho de luz.
Ele apanha uma família quebrada e faz dela um jardim engrinaldado e perfumado de singela alegria.
6. Quando Jesus vai conosco, o choro da morte é transformado na alegria da vida – v. 42
-
Aonde Jesus chega, entra a cura, a libertação e a vida. Onde Jesus
intervém, o lamento e o desespero são estancados. Diante dele, tudo
aquilo que nos assusta precisa bater em retirada.
- A morte com seus horrores não pode mais ter a palavra final.
-
A morte foi tragada pela vitória. Na presença de Jesus há plenitude de
alegria. Só ele pode acalmar os vendavais da nossa alma, aquietar nosso
coração e trazer-nos esperança no meio do desespero.
- Marcos
registra que imediatamente a menina se levantou e pôs-se a andar. A
ressurreição restaurou tanto a vida como a saúde. Nenhum resquício de
mal, nenhum vestígio de preocupação. O milagre foi completo, a vitória
retumbante, a alegria indizível.
CONCLUSÃO
- Jesus é a esperança dos desesperançados.
-
Ele mostrou isso para o homem que não podia ser subjugado (5.1-20);
para a mulher que não podia ser curada (5.25-34); e para o pai que
recebeu a informação de que não poderia mais ser ajudado
(5.21-24,35-43).
- Coloque a sua causa também aos pés de Jesus,
pois ele ainda caminha conosco e tem todo o poder para transformar o
cenário de desesperança em celebração de grande alegria.
Rev. Hernandes Dias Lopes.
quarta-feira, 4 de abril de 2012
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